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13 de outubro de 2013

O monstro da vez da Internet

Pessoas podem ser transformadas quase instantaneamente em ‘monstros’, em julgamentos sumários promovidos pela turba de justiceiros da Internet, pelo fato de terem tomado atitudes on-line irrefletidas



Aarón Pino_up

México: Aarón Pino afirma que achou o cachorro da foto, já crucificado, num objeto fincado ao solo, à margem de um rio em Tecate, Baixa Califórnia, México, e resolveu “postar uma foto na Internet”, de maneira — aparentemente — frívola (Foto: facebook).

Tirar uma foto segurando um animal morto, aparentemente torturado, numa atitude blasé, foi bem estúpido, da parte dele, não resta dúvida.

Pessoas, especialmente as jovens ou muito jovens, às vezes fazem coisas bem estúpidas, muitas vezes devido à (provável) imaturidade. Devido a sua atitude, Aarón se transformou no ‘monstro’ da vez, marcado como “procurado” nas redes sociais — para linchamento? —.

Segundo seu
relato (vídeo: Redacción Frontera, MX), ele não pode mais sair de casa, apesar de ter explicado sua atitude, justamente por ter se sentido pressionado pela opinião pública e, por isso, obrigado a fazê-lo (matéria com vídeo: Periodismo em Línea, MX).

Esse e outros casos de atitudes claramente estúpidas não significam que essas pessoas devam ser automaticamente rotuladas como 'criaturas do mal a serem justiçadas'.

Em todo e qualquer caso, os fatos precisam ser apurados, as responsabilidades atribuídas e a justiça aplicada. E esse trabalho é de responsabilidade das autoridades, não da ‘turba de justiceiros da Internet’.

O que fica patente é que a irreflexão de algumas pessoas é explícita, porque não param sequer para pensar que podem ser transformadas no ‘monstro’ da vez, em um mundo tomado por redes sociais, opinadores e ‘justiceiros’ universais.

Importante ressaltar que muitas das pessoas que se declaram defensoras dos animais não hesitam em convocar a turba para o julgamento sumário e linchamento físico coletivo do suposto ’monstro’ (humano).
Se o que Aarón declarou é verdade, ou não, as autoridades do país dele devem ter apurado — se tiver havido interesse e empenho das autoridades, e se houver previsão na legislação. E etiquetá-lo, seja de 'monstro', ou não, depende de vários fatores e posicionamentos pessoais, inclusive de ter buscado informações de primeira mão sobre os fatos.

As pessoas têm de decidir se querem resolver a questão animal ou se simplesmente querem ficar famosas utilizando-se do seu sofrimento


Um ponto que deve ser ressaltado é sobre o sentido (e a banalidade) do compartilhamento de informações 'bombásticas' na Internet. No caso de maltrato contra animais, isso é prática comum — muitas vezes, para coletar endereços de e-mail, visando ao posterior envio de SPAM; ou seja, muita gente que compartilha esse tipo de informação de forma enviesada está se lixando pro destino dos animais. Seu interesse principal é ‘estar em evidência’ junto aos amigos e público virtuais, quando não coletar informações pessoais de outros etc., mas não resolver problemas de fundo, como, por exemplo, a
Cadela Filhinha ES_invertido_redimensionado_upinexistência de políticas ou planos de proteção animal.

No caso da questão animal, certamente é mais produtivo se juntar a um grupo para resolver problemas — exemplo: Rede Bichos (citada nessa postagem)—, ao invés de espalhar informação descontextualizada; essa descontextualização geralmente ocorre quando as pessoas não procuram se informar sobre as fontes dos fatos.

3 de outubro de 2013

A relativização da suposta impunidade


A mídia é seletiva ao rotular réus como “impunes”, antes da definição dos julgamentos, e ávida por insuflar na opinião pública o gosto por julgamentos sumários.


Nani
O problema da impunidade não pode ser resumido a um único recurso a que réus tenham direito, seja no STF com os embargos infringentes, ou em qualquer outro tribunal. O problema são as dezenas de recursos existentes para quem é julgado em primeira instância e tem bons advogados. Manejando o instrumental de recursos, muitos conseguem levar os crimes à prescrição antes do trânsito julgado. E isso sim é ruim para a democracia e para a credibilidade das instituições. Mas preservar o direito de defesa é absolutamente necessário.

As perguntas que ficam: por que uma única chance de recurso, bastante restrita, existente na AP 470, foi alvo de tanta pressão, enquanto as dezenas de chances dos réus da chacina de Unaí não merece questionamento? Será porque o réu é um dos maiores produtores de feijão do país? Será porque as vítimas combatiam o trabalho escravo, assunto que alia setores da velha mídia às bancadas ruralistas do Congresso para abafar e reduzir a criminalização? Será porque o réu é tucano? Ou será porque a Ação Penal 470 envolve nomes do PT?

De matéria da Rede Brasil Atual



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